F1 na escolas leva educação mão na massa a ensino fundamental e médio
Por Vinícius Oliveira.
Quem vê o piloto inglês Lewis Hamilton conquistar o quinto título mundial de Fórmula 1, pode até achar que é fácil sair pelo mundo vencendo corridas e mais corridas. Por trás de um grande piloto sempre existe uma grande equipe, e é esse o espírito que o projeto educacional F1 nas Escolas (F1 in Schools) busca levar para estudantes de 42 países, incluindo o Brasil, por meio de aprendizagem ativa e desenvolvimento de habilidades de empreendedorismo.
A versão nacional é resultado de uma parceria da empresa de tecnologia educacional ZOOM com a Associação Projetando o Futuro, Ong que atua pelo desenvolvimento de programas de engenharia e empreendedorismo em escolas. O público alvo engloba estudantes das etapas de ensino fundamental e médio, com idade entre 12 a 19 anos de idade.
Essa aproximação entre o mundo do automobilismo e a educação tem tudo a ver com a expansão pelo mundo da metodologia STEM (sigla em inglês para ciências, tecnologia, engenharia e matemática) e dos projetos mão na massa.
Como o programa chega às escolas
As escolas interessadas em oferecer o projeto a suas turmas recebem da ZOOM orientação para adaptar o programa à grade curricular e a formação dos professores como mentores, uma vez que o desempenho em pista é só um dos quesitos analisados pelos jurados durante as competições.
Como acontece em campeonatos de robótica, os professores são incentivados a promover a interação dos alunos com a comunidade e auxiliá-los em todas as etapas, desde a criação da equipe, a construção do carro propriamente dita, a divulgação do projeto e a fase de competição.
Com um forte apelo multidisciplinar, o projeto não fica restrito à área de exatas. Por mais que seja importante dominar conceitos de física para entender o impacto do peso e da aerodinâmica no desempenho do carro, o processo até a formação da equipe demanda o desenvolvimento de diferentes habilidades por parte dos alunos. Se fazer o carro acelerar envolve uso de programas de criação 3d e análise de planilhas, a parte humana pede que estudantes desenvolvam um plano de divulgação em mídias sociais e façam o famoso pitch (apresentação curta e impactante) para avaliadores.
“O contexto do F1 nas Escolas é de tutoria e mentoria, não de aula. Durante a avaliação, os jurados perguntam como é que eles conseguiram viajar para os torneios e construir o carro. Se sentirem que existe um ‘paitrocínio’, não pega bem”, explica Wesley.
Expansão no Brasil
Em nova fase após a parceria ZOOM-Associação Projetando o Futuro, a projeção para a temporada 2018-2019 do F1 nas Escolas é que o número de times passe dos atuais 20 para até 90. Segundo Wesley, o barateamento dos kits, para cerca de R$ 400, pode atrair redes e escolas públicas.
Calendário de provas
A nova temporada do F1 nas Escolas teve início logo após o mundial de Singapura, em setembro, e deve ter suas finais regionais nos próximos meses de fevereiro e março (uma delas vai acontecer na próxima edição da Campus Party em São Paulo, entre 12 e 17 de fevereiro). A etapa nacional será realizada em abril e serve como classificatória para a decisão que acontece no final de 2019.
O programa e o currículo
- Física: projeto, aerodinâmica, atrito, cinemática.
- Química: teoria dos gases, materiais.
- Matemática: elaboração de orçamento, controle, planilhas.
- Português: elaboração de portfólio, site, página e textos para Facebook, plano de marketing, material para patrocínio.
- Artes: logotipo, criação da marca, artes para postagens no site, facebook, material promocional, estande.
- Inglês: entendimento das regras e regulamentos do projeto (original na língua inglesa).
- Comunicação: apresentações para patrocinadores, mídia e juízes.
Confira o vídeo com os melhores momentos da final de Singapura:
Publicado originalmente em Porvir.