Aprendizagem: dicas sobre como torná-la interessante
Falamos em um artigo anterior sobre a importância do interesse na aprendizagem dos alunos e apresentamos algumas abordagens teóricas sobre a questão. Agora, neste novo texto, abordamos
a principal preocupação dos professores: como despertar ou incentivar o interesse dos alunos? Como fazer isso, especialmente quando o aluno não está interessado?
Infelizmente, não há nenhuma técnica, estratégia, remédio ou solução mágica para despertar o interesse dos alunos. Além disso, deve-se levar em consideração que os interesses dos alunos são diversos, então, as dificuldades podem ser maiores, pois o que interessa a uns, pode aborrecer a outros. Isto sugere que será necessário adaptar o ensino aos diferentes interesses dos alunos, personalizar a aprendizagem, o que é um desafio ainda maior.
Daremos sete dicas e terminaremos com alguns comentários que são uma dica final. Todas estas não são opções alternativas. O melhor é que várias delas se desenvolvam simultaneamente.
1. Despertar a curiosidade
Trata-se de apresentar a questão a ser aprendida com informações iniciais que chamem a atenção do aluno. Por exemplo, contando uma descoberta chocante, um filme que aborda esta questão ou dados que contradizem a experiência habitual.
Outra aproximação é abordar a aprendizagem com uma metodologia atrativa e potencialmente interessante: resolver um problema buscando informações, explorar situações novas para o aluno ou buscar e compartilhar dados da própria história do aluno.
Finalmente, se soubermos os interesses individuais dos alunos, o objetivo é apresentar a tarefa fazendo conexões com esses interesses ou pedindo aos alunos que as façam.
2. Realizar projetos ou atividades em colaboração que melhor se adaptem aos interesses dos estudantes
A aprendizagem através de equipes de alunos que colaboram para resolução de determinadas tarefas abre amplas possibilidades de conectar a aprendizagem aos interesses dos alunos. Por um lado, a atividade conjunta do grupo pode ser orientada em função destes interesses. Por outro lado, cada membro do grupo pode fazer sua contribuição para a tarefa coletiva, escolhendo a parte da tarefa que mais lhe interessa e para a qual se sinta mais preparado.
O projeto do colégio (CEIP) Alba Plata de Cáceres sobre os mapas de interesses de aprendizagem é um excelente exemplo desta orientação.
3. Conectar o que aprenderam na sala de aula com experiências fora da sala.
Conseguir que os alunos apliquem o que aprenderam na escola fora da sala de aula é uma dinâmica que estimula seu interesse e suas aprendizagens. O desenvolvimento de projetos, as visitas a instituições culturais e artísticas, o contato com outros grupos sociais e o estudo de animais em aquários, em fazendas ou em liberdade são experiências enriquecedoras.
Entre elas, é importante destacar aquelas realizadas em um ambiente natural, ou seja, em contato com a natureza. As experiências de aprendizagem realizadas em parques, florestas, hortas ou praias, dependerá da localização da escola, são particularmente importantes, pois promovem, junto com o interesse, exercício físico, interação social, relaxamento e desenvolvimento cognitivo e emocional.
4. Videogames que estimulam a aprendizagem
Embora sempre se aprenda algo jogando, especialmente as crianças, existe um tipo de videogames projetados para incentivar o interesse e a aprendizagem dos alunos.
Não é fácil incorporá-los à dinâmica de aprendizagem em sala de aula, pois é necessário escolher bem o videogame para que se adapte aos objetivos previstos e seja uma ferramenta interessante para a aprendizagem. Às vezes, os videogames educacionais são muito educacionais e não conseguem envolver os estudantes, de modo que, como aponta Magí Barneda em uma das páginas mencionadas acima, muitas vezes é mais interessante adaptar os videogames mais populares entre os alunos ao ensino.
Há mais informações interessantes em: https://escuelaconcerebro.wordpress.com/?s=video+juegos
5. Orientar a aprendizagem através da pesquisa na internet
A internet oferece opções variadas para incentivar a aprendizagem dos alunos, levando em conta seus interesses. As vantagens são importantes, mas os riscos também. O objetivo é fazer com que o aluno ou o grupo de alunos busque as informações necessárias para desenvolver o projeto solicitado ou para fornecer respostas aos desafios colocados. Entretanto, neste processo é necessário evitar que os alunos se percam ou se distraiam na pesquisa ou que encontrem soluções já elaboradas que limitem a ativação de suas estratégias de aprendizagem para alcançar a meta proposta.
6. Relacionar a tarefa de aprendizagem com outros conhecimentos que sejam interessantes para determinados alunos
A orientação neste caso é incentivar os estudantes a darem sua contribuição para a tarefa coletiva através de formatos ou formas de expressão em que se sintam mais interessados. Referimo-nos à leitura de certos assuntos, música, desenho, modelagem, etc.
A colaboração de professores de diferentes matérias neste tipo de projetos pode enriquecer a aprendizagem e incentivar determinados alunos a expressarem diferentes habilidades.
Um resumo dos desafios dos projetos interdisciplinares pode ser encontrado em: http://www.chcsa.org/documentos/recursos/Rec_1425.pdf
7. Participação do aprendiz para decidir sobre suas tarefas de aprendizagem
Aprender envolve ativar os processos cognitivos e se comprometer com a tarefa proposta. Nesta dinâmica, como já mencionamos, o interesse, a motivação e a emoção desempenham um papel relevante para iniciar, reforçar e manter o curso da aprendizagem.
Para isso, nada melhor do que incentivar a participação dos alunos nos objetivos de aprendizagem, na tarefa proposta e na metodologia mais apropriada para alcançá-los. Desta forma, eles se sentem partícipes do processo, orientam as decisões
com base em seus conhecimentos prévios e seus interesses e se sentem comprometidos com a realização do que foi finalmente acordado.
8. Às vezes é possível aprender, embora se esqueça com mais facilidade quando não há interesse ou entusiasmo
O projeto da escola Riera de Ribes baseado na roda de perguntas interessantes é um excelente exemplo de como é possível incentivar a participação, facilitar o interesse e muitas coisas mais.
Finalizo com um último comentário, a oitava dica. Muitas vezes não é possível fazer com que todos os alunos se interessem por determinadas atividades de aprendizagem. Nestes casos, temos que ter em mente algo que apontamos no texto anterior: o interesse do aluno é a coisa mais motivadora, esperemos ser capazes de conseguir isso em nosso ensino, mas às vezes o aluno aprende sem estar interessado. Nestes casos, ele tem certa capacidade de autorregulação, possivelmente pelo valor futuro que sente ou pela utilidade que encontra na tarefa, o que o leva a se manter ativo para aprender. Ou seja, desenvolveu certas metas que o motivam (o movem) a aprender.